Fitinhas do Senhor do Bonfim |
Esticado na cama, após ter ingerido duas caipirinhas e alguns copos de chope, João Pinto imaginava-se chegando em Salvador, precisamente em Carrapichel, sua terra natal, para a realização do sonho que tanto desejara, casar–se com Marinalda, a mesma que tinha a cicatriz no rosto e que todos os seus amigos o induziam a chamá-la de Onça, o que ele sempre fazia para não desapontá-los, mas, não gostava. Finalmente, na manhã do dia 23 de agosto de 1975 ele embarcou no ônibus da empresa Senhor do Bonfim ao encontro de sua amada. Não queria saber se ela tinha ou não qualquer cicatriz, não queria saber se ela era ou não onça, se era ou não bonita, mas apenas queria saber que ela havia conquistado seu coração, havia transformado a sua vida, havia indicado o caminho que deveria seguir, já que ele nunca acreditou em nada. Era ateu. Nunca acreditou em Deus, até que um dia ela persuadiu-lhe a acompanhar à Igreja de Cristo Redentor, para uma noite de orações.
A principio foi difícil sua participação aos sábados à noite, já que era tido como um boêmio e esses dias eram consagrados aos amigos, à balada e à farra. Nada como um grande amor para mudar a vida e os costumes das pessoas! Nada como estar apaixonado para sentir-se curado dos preconceitos insidiosos que o amor condena. E assim foi João Pinto, depois de meses participando dos cultos da Igreja de Cristo Redentor. Tornou-se evangélico. Parou de beber. Partiu! Despediu-se dos amigos e foi em busca do verdadeiro amor.
Viveu a vida.....
Amou o seu amor e por ela foi amado, enquanto pôde e viveu. O passado jamais lhe interessou, apenas servia de exemplo quando desejava realizar alguma coisa e sentia dificuldade na execução. Aí ficava horas e horas matutando, pensando no que fazer, como fazer... fora disso, jamais invocou o passado, pois sempre soube que o presente é o melhor momento para se viver, enquanto o futuro a Deus pertence. Só ele tem o direito de saber e nos orientar. E, assim foi em busca do seu amor...
Anos mais tarde soubemos que havia sofrido um problema vascular e pelo qual ficara inválido, vindo a falecer meses depois. Deixou viúva Dona Marinalda, e um filho.
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